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Este microbook é uma resenha crítica da obra:
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-0385544924
Editora: Doubleday
A primeira solução apresentada pelo autor é, provavelmente, a mais intuitiva: consiste na remoção dos elementos nocivos que se acumulam com a idade, causando doenças e enfermidades próprias à terceira idade. Há três marcas que, invariavelmente, seguem esse padrão:
A maneira mais óbvia de lidar com esses desafios, segundo os estudos realizados por Andrew Steele é, precisamente, removê-los em sua origem.
As células senescentes — ou seja, aquelas que deixam de se dividir para substituir outras — se acumulam paulatinamente em nossos tecidos, à medida que envelhecemos.
Tal nomenclatura significa, literalmente, “células velhas”, de modo que a senescência se manifesta nas células cujos telômeros são muito curtos, que sofreram danos ao seu DNA ou estão, geralmente, sob níveis críticos de estresse celular.
Como resultado, elas “pisam no freio” por razões de segurança. Certamente, essa alternativa é a melhor possível, pois, caso contrário, poderiam se tornar cancerígenas. Não obstante, o estado senescente está longe de ser benigno.
Com efeito, as células bombeiam moléculas que alimentam inflamações crônicas por todo o corpo, podendo tornar senescentes ou cancerígenas as células mais próximas. Se elas não forem removidas pelo sistema imunológico, tendem a infeccionar, agravando tanto o ambiente local quanto o estado de todo o organismo.
Se os compostos senolíticos se provarem eficientes, teremos uma ampla gama de novas opções terapêuticas para diversas doenças. Além disso, haverá uma demonstração irrefutável do princípio que fundamenta a biogerontologia.
Dito de outra forma, intervir no processo de envelhecimento pode ser altamente benéfico para a vida e a saúde das pessoas. O autor reflete que os senolíticos podem ser os primeiros remédios antienvelhecimento que realmente funcionam.
Uma redução na autofagia — o processo de “autoalimentação” da reciclagem celular que elimina proteínas quebradas, mitocôndrias danificadas, entre outras ações — é crucial para o processo de envelhecimento.
Assim, a autofagia é a maneira de nosso corpo se livrar de elementos indesejados. Desse modo, o autor considera que poderíamos aproveitar esse sistema natural para manter nossas células intactas.
Dado que a restrição alimentar eleva os níveis de autofagia, comer substancialmente menos pode ser uma excelente forma de ativar o processo e retardar nosso próprio envelhecimento.
Entretanto, seria ainda melhor se pudéssemos encontrar algum modo de imitar os efeitos biológicos da restrição alimentar sem, para tanto, termos que passar por uma dura abstinência.
Nesse sentido, Steele apresenta os miméticos de restrição calórica, quais sejam, drogas que ativam muitos dos mecanismos colocados em atividade pela restrição alimentar (incluindo a autofagia) sem a necessidade de comer menos.
Segundo o autor, uma das propriedades mais desagradáveis de algumas proteínas reside no fato de que elas se agregam em amiloides. Trata-se de proteínas que, dobradas incorretamente de maneiras particularmente infelizes, adquirem a capacidade de se aglutinarem em grupos.
Enquanto a versão normal de uma proteína apenas faz seu trabalho natural, uma versão com essas tendências procurará outras como ela e se “agarrará”, realizando uma espécie de clonagem.
O acúmulo desses elementos individuais gera as “fibrilas”, que podem se agregar em estruturas maiores chamadas de “placas amiloides” — que são comumente associadas ao mal de Alzheimer.
Nosso autor sustenta que, no futuro, todos receberemos injeções de drogas contra essas placas, em intervalos regulares, para prevenir o acúmulo de agregados tóxicos, ou melhor ainda, seremos imunizados, na infância, contra diferentes amiloides — tal como já ocorre com o sarampo e a difteria.
Intervir antes de ficarmos velhos e as doenças estarem muito avançadas é exatamente o que esse tipo de tratamento proporcionará às pessoas. De tal sorte que todas essas terapias têm o potencial de serem utilizadas preventivamente.
O fato de se livrar de elementos celulares danosos não é o suficiente, em decorrência de certos aspectos de nossa biologia. Logo, é imprescindível que possamos substituí-los por algo melhor.
Embora o sistema imunológico envelhecido possa ser disfuncional e nos colocar em maior risco de desenvolver doenças infecciosas e câncer, é melhor do que não ter sistema imunológico algum.
Dessa forma, precisamos encontrar maneiras de reforçar nossas defesas orgânicas, fornecendo ao organismo uma solução adequada para reverter, ao menos em parte, o declínio na saúde geral do corpo que acompanha o envelhecimento.
Agora que chegamos na metade da leitura, nos concentraremos em alguns pontos centrais da argumentação de Steele, tais como a potencialização das mitocôndrias e o aprimoramento genético.
A decadência das mitocôndrias — as geradoras semiautônomas de energia podem ser encontradas dentro de nossas células — é responsável, em grande medida, pelo envelhecimento do corpo.
Com efeito, há quantidades menores de mitocôndrias nas células mais velhas. As que permanecem são menos eficazes na produção de energia. Os problemas são especialmente agudos nos locais onde as células usam muita energia, como o cérebro, o coração e os músculos.
As mitocôndrias representam, por exemplo, um fator relevante no mal de Parkinson – há evidências de seus efeitos, também, em outras condições de degeneração. O desenvolvimento de terapias para auxiliar as nossas mitocôndrias pode, assim, aliviar muitos dos problemas da velhice.
Na realidade, temos algumas opções referentes à desaceleração ou reversão da contribuição das mitocôndrias para o envelhecimento. Mas, os cientistas ainda não descobriram qual delas funcionará melhor.
Em parte, isso ocorre porque ainda não temos uma imagem completa do que acontece com nossas mitocôndrias ao longo do envelhecimento. No curto prazo, os tratamentos podem incluir antioxidantes direcionados à eliminação dos radicais livres ou suplementos, como a urolitina A, para aumentar os mecanismos de controle de qualidade do próprio corpo.
A longo prazo, será possível reprojetar nossa biologia para assegurar que as mutações mitocondriais percam a relevância, erradicando sua influência no envelhecimento degenerativo – um objetivo pelo qual vale a pena investir.
Danos ao DNA e as mutações resultantes podem ser alguns dos malefícios mais graves relacionados à idade que precisamos consertar em nossos corpos. A primeira abordagem que a medicina poderia adotar, conforme mencionado, é o reparo.
A segunda depende da compreensão exata de como as mutações causam problemas nos organismos envelhecidos e de como os recentes avanços no sequenciamento de DNA podem demonstrar a incorreção de antigos conceitos.
Felizmente, o entendimento atual da prevalência e do tipo de mutações no envelhecimento se aprofundará significativamente em breve. Em outras palavras, o sequenciamento do genoma está mais barato do que nunca.
Além disso, o interesse crescente dos pesquisadores no acúmulo de mutações transcende a comunidade científica, chegando até os profissionais responsáveis pelo tratamento de diversos tipos de câncer.
Os estudiosos interessados em “curar o envelhecimento” precisam, afirma o autor, ter certeza de que este trabalho explorará a contribuição das mutações para a degeneração, garantindo que as tentativas de tratamento sejam efetivamente desenvolvidas com investigações exploratórias.
Após remover, substituir e reparar o que for possível, o estágio final de uma cura eficiente para o envelhecimento biológico certamente exigirá a reprogramação de nossa própria biologia.
Steele enfatiza a necessidade de “hackear” o que a natureza nos deu, visando evitar que processos degenerativos se instaurem. Dado que o “programa” estiver escrito em nossos genes, será preciso editá-los para otimizar os aspectos positivos, reduzindo os negativos e adicionando novos recursos para células e órgãos.
Apesar de tal possibilidade parecer, em um primeiro momento, excessivamente futurística, há muitos progressos que podem ser realizados no campo dos cuidados médicos. Não demorará para podermos utilizar a edição genética para criar células-tronco pluripotentes induzidas.
O DNA pode ser comparado a um projeto de nossos corpos – desde seu layout em grande escala até os menores componentes que governam as interações dentro e entre as células.
Quanto mais avançar os conhecimentos sobre o genoma humano tanto mais notícias serão veiculadas na imprensa sobre um “gene para isto ou aquilo”. Esse ambiente faz com que seja tentador cairmos naquilo que o autor chama de “determinismo genético”.
Quem pensa desta forma passa a acreditar que todo o seu futuro biológico, risco de doenças, tempo de vida e, até mesmo, aspectos de sua personalidade, são determinados pelo conteúdo de seu código genético. Porém, sua expectativa de vida não está escrita no DNA.
Você não precisa considerar a longevidade de seus pais como um limite para o quanto pode esperar viver. Com uma dieta adequada, a prática de exercícios físicos, a adoção de um estilo de vida saudável e, é claro, um pouco de sorte, o seu destino repousará em suas próprias mãos.
O procedimento exato para solucionar os vários tipos de alterações epigenéticas (e outras que ocorrem durante o amplo processo de pluripotência induzida) é algo que ainda está para ser visto.
Sem dúvida, há anos de difícil desenvolvimento científico pela frente antes que possamos desvendar totalmente os detalhes. Sem embargo, certamente veremos terapias eficazes serem validadas nos próximos anos ou décadas, em vez de séculos.
As terapias baseadas na manipulação cuidadosa desses fatores de reprogramação, em drogas inteligentes e outros tratamentos capazes de imitar seus efeitos, podem não estar tão longe quanto alguns pensam.
De fato, elas podem até vir mais cedo do que algumas das terapias mais simples e amplamente discutidas. Isso se deve, em parte, ao interesse repentino na reprogramação celular que, por sua vez, foi estimulado pelos resultados iniciais promissores.
Cumpre ressaltar, por fim, que o envelhecimento é um processo altamente complexo. No entanto, há boas ideias sobre como podemos tratá-lo. Todas as ideias abordadas pelo autor têm, no mínimo, precedentes empíricos: a maioria delas não se resume a conceitos especulativos.
Quando pudermos modelar, detalhadamente, nossa biologia, conseguiremos reprogramá-la para interromper a diminuição gradual da saúde e a elevação do risco de morte com o passar do tempo.
De acordo com Steele, a partir desse momento, os seres humanos serão biologicamente imortais (ou “sem idade”). Os tratamentos resultantes encerrarão o enorme custo econômico e social da seleção natural, bem como a dor e o sofrimento na velhice.
Com o avanço dos conhecimentos científicos e tecnológicos, dados e modelos computacionais nos permitirão editar o próprio código genético. Reprogramar o envelhecimento será nossa maior conquista como espécie. Portanto, deve ser nossa missão coletiva.
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Steele é biólogo computacional e um renomado autor de obras científicas. Além disso, é doutor em Física pela Universidade de Oxford e atuou no Instituto Francis Crick, utilizando “lea... (Leia mais)
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